quinta-feira, 8 de outubro de 2020

GÊNERO NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

 

                 GÊNERO NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

     Apesar da secretaria especial de políticas para mulheres ter status ministerial, não consigo vislumbrar melhorias significativas.

     Na maioria dos estados e municípios as secretarias tornaram-se subsecretarias diminuindo assim o pseudo poder dado as mulheres. Avanços ocorreram, mas, de maneira pontual pois, o que vemos são poucas mulheres como representantes nos governos Federal, Estadual e Municipal. Temos como exemplo a Lei Maria da Penha (Lei 11340/2006) sancionada após a mulher que deu o nome a mesma ter sido tão violentada e agredida em sua dignidade e em seu corpo ao ponto de estar hoje em uma cadeira de rodas. Ela é uma sobrevivente pois, mesmo após diversas denúncias o Estado não garantiu a ela a segurança enquanto mulher ameaçada e depois tendo seu direito de ir e vir limitado a quatro rodas.

      Grande parte de mulheres agredidas dependem de conviver com seus algozes e, no meu entendimento, após a primeira agressão física, a mesma deveria fazer um BO ou RO e ser incluída no Programa de Proteção.

      A mulher sofre Importunação Sexual, Assédio Sexual, que ferem a sua dignidade humana mas, na hora de provar se torna difícil e muitas desistem de denunciar pois, parte deles ocorrem no ambiente de trabalho sendo o importunador e/ou assediador ter uma posição hierárquica superior à da mulher que foi submetida por ele. Além de muitas terem “vergonha” de denunciar pelo fato de depois passarem por situações como: “isto é roupa de sair? Usa maquiagem demais parece uma p************. Vai dizer que não gostou da cantada? Entre outras acusações que geralmente partem de colegas de trabalho ou de familiares gerando assim um grande número de mulheres depressivas.

      O disque 180 é um avanço, mas ele por si só não garante, após os trâmites legais que o agressor irá cumprir com a ordem da justiça e, como a impunidade impera no país ele retorna e mata a mulher deixando crianças órfãs com sérios problemas emocionais, educacionais, sociais entre outros. São os filhos da pátria sem mãe nem pai sobrando para os avós ou tios e tias o papel que caberia a família principal equilibrada cuidar. (pai e mãe).

     As mulheres das camadas mais pobres da população, moradoras de comunidades, com pouca instrução e jovens são as que mais sofrem com isso, no caso porque tem filhos com pouca idade e diversos, geralmente 3 ou mais e cada um de um pai diferente, não tendo cuidado na escolha dos parceiros e sem fazer uso de métodos contraceptivos podendo, além de engravidar se contaminarem com doenças transmitidas por via sexual. Muitas trocam de parceiro como trocam de roupa e não é por falta de informação nem por falta de preservativos pois, os mesmos são distribuídos em postos de saúde, por ONGs e outras entidades relacionadas a este assunto e, com o esfacelamento das Casas da Mulher Brasileira e a facilidade para o posse e porte de armas cada vez mais a mulher vai se tornando vítima do medo e os algozes cada vez mais fortes pois não temem a justiça.

     Estes retrocessos se dão por conta do “damismo” ideológico atual e pela diminuição das verbas destinadas à Política da Mulher, além da insanidade que impera no Ministério dos Direitos Humanos. (para quais humanos?)

     O esforço horizontal através de ações práticas, geralmente advindos de orçamentos participativos, conferências entre outros atos está, de certa forma, implementando a “transversalidade de gênero” nas políticas públicas dando um pouco de visibilidade a diversas causas que muitos fingem não ver como nos casos de racimo e homofobia criando assim documentos que podem aprimorar e ajustar condutas na Políticas Públicas com acompanhamento, pesquisa e avaliação de resultados mas, será que na prática estes resultados se tornarão Lei de Proteção? Será que políticos tornaram transparente estes resultados? Teremos leis mais severas para os algozes das minorias?

     Cooperação, cultura e Educação familiar deveriam caminhar juntas para que algo concreto aconteça, estes temas deveriam ser trabalhados nas escolas, com cuidado, e com bases sólidas na formação de nossos alunos que serão os adultos do futuro. No entanto, o professor/a que “fala sobro o tema em sala de aula” poderá vir a ser perseguido por pais que não entendem a importância de certos temas na vida de filhos, pessoas religiosas ortodoxas de fora e de dentro da escola passam a olhar este Educador como um ser subversivo de esquerda e podem ter suas carreiras no magistério interrompidas por conta deste retrocesso provocado por certas alas religiosas.  

     A desigualdade de gênero faz com que a mulher brasileira fique sobrecarregada em todos os aspectos, por ser mãe solteira ou mesmo, as casadas trabalham fora de casa e dentro de casa sem a colaboração de seus parceiros fazendo com que jovens que poderiam se dedicar mais aos estudos sejam “ajudadores do lar”. Poucos são os homens que colaboram com suas companheiras em casa nos afazeres domésticos.

     No âmbito político, a participação feminina ainda é ínfima e, no meu entendimento em todos cenários, seja ele Federal, Estadual e Municipal, a presença da Mulher deveria ser de 50% em relação ao número de parlamentares, vereadores, senadores, etc.

     Na área de trabalho, mesmo as mulheres tendo um nível de escolaridade maior do que dos homens em muitos locais elas tem menor participação em cargos de relevância além do salário menor e a dupla jornada de trabalho.

      Creio que se tratássemos todos como SERES HUMANOS não necessitaríamos de Leis Específicas para SERES HUMANOS que são considerados minorias.

 

Professora Maria de Fátima Vieira Martins – FME


Texto enviado para UFF após curso online